quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Breve miscelânea poética para estar mais perto de Deus


O inventivo Mário de Andrade lançou seu primeiro livro de versos com o seguinte título: Há uma gota de sangue em cada poema. Verdade maior. Uma boa poesia é um milagre em forma de palavra. Uma boa poesia custa sangue. Custa, vez por outra, uma vida. Como foi o caso de Apollinaire, cuja vida diminuía quanto mais alturas atingia sua obra poética. (notaram minha veia poética nessa frase?)

Mas uma coisa é certa, pelo menos uma vez na vida todo mundo foi poeta. Talvez por um coração despedaçado, talvez por um belo por do sol, talvez por um sentimento nacionalista ou mesmo pra “brincar com as palavras”. Poesia é coisa que nasce com toda a gente. Porém pouca gente se arrisca a ser poeta. Porque poesia é coisa dificultosa.

Isso porque, ao contrário do que se pensa, não basta está apaixonado para escrever um poema. É preciso método. Não basta estar inspirado para escrever um poema. É preciso tempo e trabalho.

Quando me decidi por dedicar a primeira lista do ano ao gênero poético, quis apenas partilhar algumas obras poéticas que considero fundamentais para a minha formação poética. Antes que perguntem, não sou poeta. Sou apenas um amante da breve arte de metaforizar o mundo.

Podemos definir esta nova lista pelo seu título “Breve Miscelânea Poética para estar mais perto de Deus”. O vocábulo miscelânea é esclarecedor. Não temos aqui compromisso com época, tamanho, língua ou mesmo estilos poéticos. Sem ordenar, listei os dez livros poéticos que mais me comoveram até o tempo presente. Talvez até tenha cometido alguma injustiça com meus gostos pessoais (nunca com os autores, pois mesmo os aqui negligenciados se encontram em lista muito mais gabaritadas do que a minha), deixando de lado algumas figuras carimbadas de minha memória, como Vinícius de Morais, Virgílio, Gabriela Mistral, Paulo Leminski e outros recém esquecidos. Mas só cabiam 10, e me de alguma forma, me orgulho de ter lido os que ali estão.

Desde os britânicos Keats e Blake, passando pelos os latinos Neruda e Drummond, até o medievo Arcipestre de Hita, o que tentei expressar com esta lista foi a inesgotável possibilidade da poesia, cuja beleza pode realizar-se no verso rimado e métrico de Apollinaire ou mesmo no verso livre de Manoel de Barros.


Não vou comentar nenhum livro em especial, porque poesia não se comenta, não se explica, se sente. como podemos deduvir de uma leitura atenta desse breve trecho do poema "A máquina do Mundo", do genial Carlos Drummond de Andrade.

/


"O que procuraste em ti ou fora de


teu ser restrito e nunca se mostrou,

mesmo afetando dar-se ou se rendendo,

e a cada instante mais se retraindo,


olha, repara, ausculta: essa riqueza

sobrante a toda pérola, essa ciência

sublime e formidável, mas hermética,


essa total explicação da vida,

esse nexo primeiro e singular,

que nem concebes mais, pois tão esquivo


se revelou ante a pesquisa ardente

em que te consumiste... vê, contempla,

abre teu peito para agasalhá-lo.”

/


Não encontro possbilidade explicativa para tão alto uso da palavra, mas posso descrever meu sentimento. Quando leio poemas assim me sinto mais perto de Deus.





Bons sentimentos a todos.


Pax tecum amicis.

5 comentários:

  1. Bem que eu queria saber metaforizar... eu não sei. Não consigo ver o mundo com imagens que não sejam as dele. Queria me arriscar a ser poeta, mas, esse negócio de poesia me assusta. Mas, gostei do teu blog... vou mantê-lo entre os de leitura cotidiana!

    Prazer!

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  2. Olá, é muito bom o seu blog!

    É muito interessante a forma com que você tratou a poesia... em cada poesia, há uma gota de sangue mesmo. Eu gosto de escrever poesias também. O meu blog não é específico sobre poesias, mas de vez em quando coloco algumas lá; até postei uma esses dias.
    Parabéns pelo trabalho! Continue dessa forma, pois assim seu blog vai crescer sempre!

    Abraços!
    (http://novelodigital.blogspot.com)

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  3. um blog sobre poesias é sempre interessante, fazia tempo que você não postava..... bom retorno !!!

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  4. antes de tudo, desculpe-me (eu deveria ter comentado ontem conforme fiquei de fazê-lo na comu do orkut)

    poesia é um milagre... desde que a arte é arte... pois é a única arte que se for mimética não tem alma
    tem que ser poiética(com "i" mesmo)
    e eu gostei desse poema pela sonoridade dele

    amo quem ama poesia, pois se não existisse a verdade poética não existiria a verdade(nem a arte) musical

    meu blog é predominantemente sobre poesia
    se der, passa lá

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  5. leggere l'intero blog, pretty good

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